Para
Aristóteles, não havia exemplo mais perfeito de tragédia grega. E foi assim que
Édipo Rei atravessou
os séculos. Influência para as bases da psicanálise. Personagem
mítico que desdobra conflitos do indivíduo e da política. O espetáculo que o diretor
Eduardo Wotzik mostra no Sesc Belenzinho, após temporada no Rio, nasce dessa convicção.“Investigar Édipo é como investigar o próprio homem”, argumenta ele. “Vejo
como um presente que Sófocles deixou para a humanidade se divertir por toda a
existência.”
É como
projeto de vida que o encenador encara a atual montagem. “Tenho a impressão de
que tudo que fiz na minha carreira até agora foi só uma preparação para chegar
aqui.” Os planos de levar a história clássica ao palco nasceram em 2007 – a
partir do encontro com o ator Gustavo Gasparani. E, desde então, já deram origem
a uma série de leituras, oficinas e debates.
Na pele
do personagem título, Gasparani vê-se diante do primeiro papel trágico de sua
trajetória, majoritariamente ligada a comédias e a musicais. Em 2012, dividiu-se
entre os papéis de um travesti no espetáculo musicado As Mimosas da Praça
Tiradentes e do radialista Gentil Soares, na novela da Globo Cheias de
Charme.“Venho de um percurso diferente. O mais perto que tinha chegado de
algo assim foi com a tragédia carioca de Nelson Rodrigues, Bonitinha, Mas
Ordinária”, comenta o ator, que divide a cena com veteranos, como Amir Haddad
e Rogério Fróes. “Mas não mudei a forma de trabalhar por causa disso. A situação representada é
trágica. O meio para alcançá-la é o mesmo.”
Quem vive
desafio semelhante é Eliane Giardini.
Distante do teatro há cinco anos, a intérprete saltou do sucesso televisivo Avenida
Brasil para viver Jocasta, a mãe que se casa com o filho, assassino do
próprio pai. "A gente está acostumada a trabalhar com o drama e com as próprias referências. Você sempre procura, na memória, uma emoção que seja similar àquela que você está interpretando. No caso do registro trágico, isso não existe. Essa sensação é uma invenção. Não tenho referência para imaginar algo assim."
Para todos. Parcela
considerável da plateia já chega ao teatro sabendo qual é a trama à qual vai assistir:
um oráculo prevê que o filho do rei Laio vai matar o pai e depois se casar com
a mãe. Para fugir à profecia nefasta, o casal manda assassinar o recém-nascido.
Ele,
porém, acaba escapando e, sem saber, cumpre o mal que o destino lhe reservou. Na
tentativa de preservar o texto, alguns dos encenadores que montam tragédias
optam por retomá-las
tal qual foram escritas.
Serviço:
ÉDIPO REI
Sesc Belenzinho - R. Padre Adelino, nº1000
tel. 11 2076-9700
6ª e sáb. às 21h30 / domingo às 18h30
R$6/R$24. Até 31/03
ÉDIPO REI
Sesc Belenzinho - R. Padre Adelino, nº1000
tel. 11 2076-9700
6ª e sáb. às 21h30 / domingo às 18h30
R$6/R$24. Até 31/03
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