Hello pessoinhas do bem, hoje trouxemos mais uma relíquia.... Esperamos que vocês curtam bastante.
Essa é uma entrevista que Eliane Giardini deu ao Jornal Estado de São Paulo, no ano de 1997.
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No auge dos 40, a intérprete de
Santinha em A Indomada diz que gosta de representar a evolução da mulher comum
Aimée Louchard (especial para o
Estado)
Na sexta-feira dia 11, em
entrevista ao Estado, em sua casa no Rio, Eliane Giardini declarou: "Sou muito
otimista em relação às pessoas. Existe uma tendência natural de o ser humano
construir para o bem”. Horas mais tarde, por volta da 0h30, atendeu a um
telefonema que virou sua vida de cabeça para baixo, mas não abalou sua crença
no ser humano. Estava sendo chamada na delegacia a uma acusação de
atropelamento com omissão de socorro.
Abalada, Eliane revela que, no
fim daquela tarde, dirigia seu carro na Avenida das Américas, quando um Kadett à sua frente atropelou uma mulher de cerca de 40 anos, jogando-a no canteiro
central “Eu parei, preocupada em socorrer”, diz. “O senhor que atropelou de
45, 50 anos, magro, moreno e de cabelos brancos, parou à frente e também veio
prestar socorro”. Eliane diz que ficou ali por cerca de cinco minutos. Outras
pessoas pararam, o socorro foi chamado, ela constatou que estava tudo bem,
entrou no carro e seguiu o seu destino. Nem de longe imaginava que alguém
pudesse acusá-la de algo. Resultado: está às voltas com um processo, no qual o
advogado, Silvio Guerra, espera livrá-la e processar os acusadores - até o
fechamento desta edição eles não haviam prestado depoimento - por calúnia.
Até se ver envolvida nesta
enrascada, a vida de Eliane era só felicidade. Decidida, ao contrario de
Santinha, sua personagem em A Indomada, ela sabe o que quer. Saboreando um
sucesso que só chegou depois dos 40, gosta de viver mulheres que dão a volta
por cima e de representar uma espécie de porta-voz das oprimidas. Além das
gravações da novela, divide com Paulo Betti, seu marido há 23 anos, a administração
da Casa da Gávea, um fervilhante centro de cultura do Rio. Ainda é pouco para
esta paulista de Sorocaba, de olhos verdes e riso fácil.
Em maio, chega às telas o filme O Amor Está no Ar, na qual vive a radialista Lora e é apaixonada por um gigolô
interpretado por Marcos Palmeira. Ainda fará par com o marido na versão
cinematográfica da peça De Braços Abertos, no segundo semestre. Com o fim da
novela, ruma para Portugal e retorna a parceria de três anos com a colega Eva
Wilma, na peça Querida Mamãe.
De bem com a carreira e a
família, Eliane só tem um arrependimento: o de não ter enchido a casa de
crianças, enquanto esperava a sua personagem definitiva. O papel que mais
deseja num futuro breve é o de avó.
Estado: Com Dona Patroa de
Renascer, Lola, de Explode Coração, e agora com a Santinha, são três
personagens submissas em sequência. Esse tipo de mulher ainda dá ibope?
Eliane Giardini: O que dá ibope não é a mulher submissa e sim a virada que esse tipo de personagem dá. Os papeis que a gente faz, principalmente numa novela de tanta audiência, viram modelo de comportamento. É como se o artista reforçasse certas atitudes. Sempre existiram modelos isolados. As mulheres que fizeram a sua revolução pessoal e por isso passaram à Historia. Mas a massa é mais lenta. A virada agora é feita pela mulher que vai para a rua, trabalha, começa a ser dona da própria vida e do seu corpo. É uma tendência. Daí o sucesso destas personagens.
Eliane Giardini: O que dá ibope não é a mulher submissa e sim a virada que esse tipo de personagem dá. Os papeis que a gente faz, principalmente numa novela de tanta audiência, viram modelo de comportamento. É como se o artista reforçasse certas atitudes. Sempre existiram modelos isolados. As mulheres que fizeram a sua revolução pessoal e por isso passaram à Historia. Mas a massa é mais lenta. A virada agora é feita pela mulher que vai para a rua, trabalha, começa a ser dona da própria vida e do seu corpo. É uma tendência. Daí o sucesso destas personagens.
Estado: Em muitos casos a virada
ocorre na faixa dos 40 anos. Você se sente porta-voz destas mulheres?
Eliane: Me sinto, sim. E gosto disso. Sempre tive medo porque comecei a fazer novela tarde. As personagens para minha faixa de idade não eram nada inspiradoras. Eram sempre as mães das personagens, as sofredoras que as filhas não queriam ter como exemplo. Mas dei sorte. Hoje, em todo o mundo, a mulher não aceita mais o fato de que atingir os 40 significa velhice. Adoro fazer mulheres que se descobrem ou revolucionam seu ambiente, nem que seja apenas o doméstico.
Eliane: Me sinto, sim. E gosto disso. Sempre tive medo porque comecei a fazer novela tarde. As personagens para minha faixa de idade não eram nada inspiradoras. Eram sempre as mães das personagens, as sofredoras que as filhas não queriam ter como exemplo. Mas dei sorte. Hoje, em todo o mundo, a mulher não aceita mais o fato de que atingir os 40 significa velhice. Adoro fazer mulheres que se descobrem ou revolucionam seu ambiente, nem que seja apenas o doméstico.
Estado: Santinha, além de
submissa, é alcoólatra...
Eliane: O Alcoolismo da Santinha é uma consequência. Ela tem um nó maior, que eu nem sei qual é. Numa altura do campeonato Altiva (Eva Wilma), irmã dela, transou com o seu namorado Richard (Flávio Galvão) e teve um filho. Santinha assume uma maternidade que não é dela, pressionadíssima pela irmã. Eu não sei que tanto poder Altiva tem para conseguir isso. Não só o poder financeiro. Deve ter havido um trauma lá atrás que desequilibrou Santinha.
Eliane: O Alcoolismo da Santinha é uma consequência. Ela tem um nó maior, que eu nem sei qual é. Numa altura do campeonato Altiva (Eva Wilma), irmã dela, transou com o seu namorado Richard (Flávio Galvão) e teve um filho. Santinha assume uma maternidade que não é dela, pressionadíssima pela irmã. Eu não sei que tanto poder Altiva tem para conseguir isso. Não só o poder financeiro. Deve ter havido um trauma lá atrás que desequilibrou Santinha.
Estado: É importante abordar um problema
como o alcoolismo no horário nobre?
Eliane:
Os autores não pretenderam abordar um tema tão contundente quanto o alcoolismo.
Minha personagem não é uma Heleninha, aquele papel de Renata Sorrah, em Vale
Tudo, que marcou época. O vício da Santinha é mais uma chave para a comédia. É
aquela tia que está sempre de pilequinho. Ela é engraçada e bebe para se
anestesiar de uma dor real. No começo, bebia todo dia. Agora, deram uma
controlada nela. Só toma um trago quando está tensa. Acredito que a intenção seja
levar a personagem á cura, tanto a física quanto a da alma.
Estado: Fazer novela meio tarde
foi uma escolha?
Eliane:
Não, absolutamente. É aquela coisa: se a gente soubesse como seria a nossa
história, não sofreria tanto. Eu, por exemplo, gostaria muito de ter tido mais
filhos, mas sempre achava que o próximo trabalho seria algo definitivo na minha
carreira e fiquei nas duas filhas só. Se soubesse que só começaria a fazer
sucesso aos 40, teria me divertido mais e criado uma família grande.
Estado: Era um sonho seu ter uma
casa cheia de crianças?
Eliane: Sim,
a minha família é grande, italiana. Meu pai teve nove filhos e as reuniões no
domingo eram inesquecíveis. O que mais me faz falta no Rio são aqueles almoços
em família. Hoje, somos eu, Paulo e as meninas. Para ficar mais divertido,
acabo convidando montes de amigos. Domingo com casa vazia fica pesado, para mim
não dá.
Estado: Estar com seu marido na
mesma novela facilita a vida doméstica?
Eliane: Não pintou a sensação de que a novela é a mesma porque não somos do mesmo núcleo e os cenários são separados.Gravamos em dias diferentes.
Eliane: Não pintou a sensação de que a novela é a mesma porque não somos do mesmo núcleo e os cenários são separados.Gravamos em dias diferentes.
Estado: Mas vocês trocam
figurinhas, um vê o trabalho do outro?
Eliane: Sem dúvida. Não há pessoa que me conheça melhor do que o Paulo. É natural que ele seja o meu melhor crítico.
Eliane: Sem dúvida. Não há pessoa que me conheça melhor do que o Paulo. É natural que ele seja o meu melhor crítico.
Estado: Além de gravar a novela,
quais seus planos para este ano?
Eliane: Não
estou só gravando a novela. Tenho um centro de cultura, a Casa da Gávea, em sociedade com meu marido
e outros atores e produtores. Quero rodar um filme no segundo semestre, baseado
na peça De Braços Abertos, da Maria Adelaide Amaral. São dois atores só.
Mostrei o texto ao Luiz Fernando Carvalho, que adorou. Vamos fazer uma
adaptação para o cinema e filmar ainda esse ano. Com o fim da novela, em
outubro, eu e Eva Wilma pensamos em levar a peça Querida Mamãe, que fizemos
durante três anos, a Portugal. Em Maio, entra no circuito o filme O Amor Está
no Ar, que fiz com o Marcos Palmeira. No meio das filmagens, que começaram há
dois anos, o diretor Hamilton Almeida morreu. Outras pessoas assumiram a
produção. Foi muito complicado. No momento, há convites tentadores para o
teatro, mas estou procurando não acumular mais trabalhos.
Estado: É tão enlouquecedor
quanto dizem fazer teatro e novela simultaneamente?
Eliane: É um sufoco. A gente começa a gravar ao meio-dia e termina nove horas depois. Quem faz teatro, quando chega às 19 horas entra em pânico. Gosto do ritual do teatro: chegar uma hora antes da sessão, ter camarim conversar com os outros colegas do elenco. Teatro é uma coisa mais íntima. É diferente de TV, onde você até pode chegar em cima da hora, vestir a roupa e dizer “Cadê o texto?” e sair gravando. No teatro, fala-se de coisas mais profundas. É preciso mergulhar fundo e isso exige preparação.
Eliane: É um sufoco. A gente começa a gravar ao meio-dia e termina nove horas depois. Quem faz teatro, quando chega às 19 horas entra em pânico. Gosto do ritual do teatro: chegar uma hora antes da sessão, ter camarim conversar com os outros colegas do elenco. Teatro é uma coisa mais íntima. É diferente de TV, onde você até pode chegar em cima da hora, vestir a roupa e dizer “Cadê o texto?” e sair gravando. No teatro, fala-se de coisas mais profundas. É preciso mergulhar fundo e isso exige preparação.
Estado: Que palco a satisfaz
mais?
Eliane:
Gosto de todos igualmente. Bom cinema, boa peça de teatro ou bom trabalho na
TV. Adoro na TV a coisa de não saber quem é a personagem, trabalhar só no
capítulo do dia e dar credibilidade àquilo que estou dizendo, embora não tenha
a menor ideia do que seja, Quando o personagem diz, por exemplo, “aquilo que
aconteceu no passado”, eu não tenho a menor pista do que possa ter sido. Não é
uma delícia? E ainda tem mais se o público gosta do papel, ótimo. Se não, ele
morre. Só na TV isso ocorre.
Estado: Como anda a receptividade
ao seu trabalho?
Eliane: Supercarinhosa.
No Rio, o público está mais habituado a encontrar artista em qualquer esquina.
Em São Paulo, a festa é maior. Todos querem dar conselhos ou sugestões. Agora
pedem para que eu me livre da Altiva. Quando fazia Renascer, os conselhos eram
para que Dona Patroa se separasse do coronel (Herson Capri). É Curioso como a
opressão incomoda. Seja do homem sobre a mulher, do pai sobre o filho e até
entre irmãos. Na verdade, todos nós sempre estamos oprimidos por alguma coisa,
tentando sair de algum nó.
Estado: Com a correria da novela,
como tem feito para manter em forma?
Eliane: No ano passado, andava na Estrada das Paineiras, um lugar lindo. Agora, resolvi
nadar. Sempre quis fazer natação. Achei uma academia com piscina aquecida e
estou encantada. Aqui em casa todos estamos indo lá. Todo dia. É ótimo dar umas
braçadinhas antes do trabalho. Odeio ginástica. Gosto de dançar, caminhar. No
Rio, você pode se exercitar ao ar livre vendo uma paisagem deslumbrante.
Estado: E as filhas? Elas querem
ser artistas?
Eliane:
A mais velha (Juliana, de 20 anos) quer ser cantora, a caçula (Mariana, de 16
anos) ainda não escolheu, mas é apaixonada por imagem. Acho que pode vir a ser
fotógrafa, cineasta ou diretora. Daqui a pouco, elas estarão cheia de filhos.
Já dei um ultimato: quero ser avó, em no máximo, cinco anos. Se não tiverem
filhos logo vou adotar uns netos (risos).
Estado: Qual o segredo para um casamento durar 23
anos?
Eliane: Não há uma receita. O que existe é afinidade, temperamento, cumplicidade.
Casamento se faz com vocação. EU e Paulo jogamos nossas inquietações em outros
canais. Somos do tipo caseiro, gostamos da vida em família. Na arte, nós somos
mais inquietos.
Estado: Você torce por um final
feliz para Santinha?
Eliane: Claro, espero que ela se descubra, comece a trabalhar e a bancar-se para ganhar
sua independência. Você não é dona de nada, se não paga as suas contas. É o
primeiro degrau. Quando conseguir, com certeza, vai escolher melhor seus
parceiros.
Estado: Você é muito otimista?
Eliane: Sou muito otimista em relação às pessoas. Acho que existe uma tendência natural do ser humano em construir para o bem. Ele vive tentando, desesperadamente, acertar.
P.S.: todas as frases que achamos interessantes, colocamos em negrito, ok?! Não vieram assim com a matéria.
Eliane: Sou muito otimista em relação às pessoas. Acho que existe uma tendência natural do ser humano em construir para o bem. Ele vive tentando, desesperadamente, acertar.
P.S.: todas as frases que achamos interessantes, colocamos em negrito, ok?! Não vieram assim com a matéria.
Perfeitaa *--* Eliane Giardinee
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