segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Eliane em entrevista à Contigo!

Revirando nossos arquivos, achamos essa bela e engraçada entrevista de Eliane à Revista Contigo! quando ela ainda dava vida à Nazira de "O Clone". Confiram e recordem conosco:


"Tenho um lado perua recalcada"
  
A Atriz revela seu lado oculto e conta que usa a Nazira de O Clone, para 
viver a sensualidade que traz em seu inconsciente. 
Às vésperas de completar 50 anos, em Outubro, Eliane Giardini diz que 
está se sentindo uma adolescente. Na ficção, tem ataques de riso na pele da 
hilariante e exagerada Nazira, sua personagem em O Clone. Fora da TV, além de 
comemorar o que considera o maior sucesso de sua carreira, festeja a chegada 
da terceira idade por causa da liberdade que está sentindo. Depois de separar-se 
de Paulo Betti, com quem foi casada por 25 anos, e de ter curtido um namorado 
mais novo, Ernani Júnior, Eliane diz que hoje está feliz da vida. Mesmo solteira. 
“Eu sinto falta sim, de ter uma pessoa para ir ao cinema e ficar tomando um vinho 
depois. Mas não saio para procurar”. Garante. Com as filhas já criadas, Juliana 
de 24 anos, e Mariana de 21, a atriz aproveita o tempo livre para fazer o que bem 
lhe interessa. “Sou uma mulher que se banca. É um momento e uma autonomia 
muito gostosa. Não tenho a preocupação de agradar ninguém”. Só mesmo os 
telespectadores.

Por Josiane Duarte


No início de O Clone, você fez algum comentário sobre o Alcorão que lhe causou problema. O que foi?
Eu falo muito o que penso, sou bocuda, isso é bem tipo de caipira de São Paulo. E o problema é que saí falando sobre a situação da mulher árabe. Mas fui leviana porque disse aquilo fora do contexto. Dizer que a mulher mulçumana não tem liberdade é a mesma coisa que chamar um índio de selvagem. Não se pode isolar um fato de seu contexto. Esse foi um grande aprendizado que tive com essa novela.

Qual a reação das pessoas nas ruas com a Nazira?
A frase que eu mais ouço é: “Nazira, eu caso com você”. É muito engraçado. A Nazira é a caricatura da mulher que está subindo pelas paredes atrás de um casamento. As mulheres podem rir de si mesmas com essa personagem, rir dessa luta desenfreada por achar que elas têm de casar, ter um homem. Se você não se casa, é tida como uma pessoa que sobrou, que encalhou. Mas isso é mais uma imposição social do que uma necessidade real.


Você está solteira, não sente falta de ter alguém?
Sinto um pouco. As pessoas comparam a Nazira, que é louca para se casar, a mim, que estou solteira. Mas o ser humano vai em busca do que não teve. Eu tive um grande casamento, uma história inteira que durou 20 e poucos anos. Hoje, não me mobilizo para ter um outro casamento. Eu sinto falta, sim, de ter uma pessoa para ir ao cinema e ficar tomando um vinho depois. Mas não saio para procurar.

Você é mais caseira, não gosta de badalação?
Sou muito caseira, sempre fui muito cobrada por isso e ouvi que eu era uma atriz que tinha talento, mas não tinha vocação. Justamente porque nunca gostei de fazer exposição da minha figura! (risos) Eu odiava fazer social, ir para festas. No começo de carreira a gente precisa fazer isso para as pessoas nos conhecerem. Hoje, só vou para lugares onde quero estar mesmo.

Você faz 50 anos em outubro. Como encara a ideia de chegar à terceira idade?
Soa mal, pesado. Por um tempo, até menti a idade, mas dá um trabalho danado! Comecei a fazer confusão, porque falava que tinha 40 para um e 42 para outro deu um nó na minha cabeça. Embora seja assustador dizer que vou fazer 50, ainda estou gatinha, bonitinha e idade não me impede nenhuma limitação. Quando minha avó tinha 50, parecia final de vida. Eu me sinto leve, inaugurando uma segunda adolescência. “Nem presto atenção para o assédio, não é uma cantada que vou admirar alguém. Por isso, cantada para mim é como uma cosquinha.”

Como Assim?
Até os 30 anos, é meio consenso que você tem que se casar, ter filhos, conseguir um emprego. Depois disso, tudo fica meio solto. Agora, seria de se esperar que eu ficasse em casa, com meu marido ou sem ele, esperando os netos chegarem. Mas eu me sinto uma adolescente. Com a vantagem de não ter as dores de cabeça daquele tempo, em que temos um mundo á nossa frente e não sabemos se vamos dar certo ou não. Agora, posso curtir a liberdade.

E o que você faz com ela?
Escolho se quero ir a uma festa, viajar ou ficar em casa vendo um vídeo. Sou uma mulher que se banca. É um momento com uma autonomia muito gostosa. Faço o que quiser, na hora em que tenho vontade. Não tenho mais preocupação em agradar a ninguém. Se vou a uma festa que está um saco, espero cinco minutos e vou embora. Se quiser, passo o resto da minha vida sem namorar.

Mas você deve ser muito assediada, não?
Não sou e também nem presto atenção sobre isso. Sei que, para eu me apaixonar por uma pessoa, tenho de admirá-la. Então, não é numa cantada que vou admirar alguém. Por isso, cantada para mim é como uma cosquinha, nem registro.

Você chegou a receber alguma cantada engraçada por causa da Nazira?
Recebi há pouco tempo. Ganhei um vaso enorme de renda portuguesa. Foi a coisa mais inacreditável que já ganhei! No cartão, o cara pedia para eu telefonar porque ele estava apaixonado. Na rua, é hilariante. Aonde eu vou, as pessoas olham para mim e fazem aquele movimento com as mãos (imitando as árabes). Outro dia, uma van passou por mim e estavam todos os passageiros com os braços para fora dançando!

Você ri com a Nazira?
Morro de rir sozinha lendo os capítulos. As cenas mais engraçadas são as que faço com o Mohamed. Já tive de parar a gravação porque eu e o Calloni não conseguíamos parar de gargalhar.

É sempre bem-humorada?
Sou de riso frouxo. E não deixo o mau humor correr solto. Respeito as pessoas. Acho sacanagem acordar mal-humorada e sair distribuindo peteleco em todo mundo pela frente.

E o que a tira do sério?
Odeio quando algum aparelho eletrônico pifa na minha casa, porque é algo que não sei consertar. E vão me cobrar uma fortuna. Ainda mais porque sabem que eu sou atriz, moro numa casa boa. Todo mundo quer levar vantagem. Isso me tira do sério. Outra coisa que me tira do sério é sentir medo.

E de que você tem medo?
Tenho pavor de fantasma fazer contato comigo! Uma vez, entrei em pânico porque estava assistindo a um filme e apareceu uma mulher morta. Eu estava sozinha em casa. Ficava toda hora olhando para trás, para ver se tinha alguém. Ai comecei a gritar “Não estou preparada para contato o.k?” Parecia uma louca! (risos). Devo ter esse medo de tanto brincar em cemitério na infância.

Como foi isso?
Quando eu era pequena morava na mesma rua do cemitério e brincava lá o dia inteiro, perto de tumba abandonada. Adorava ouvir histórias tenebrosas sobre o homem com pé de porco, mas de noite não dormia. Carrego isso até hoje. Outro dia fiquei louca quando vi o filme O Sexto Sentido, em que o cara não sabe que morreu. Até combinei com as minhas filhas que, caso eu morresse, elas deixariam bilhetinhos pela casa para me avisar: “Mamãe, você está morta, procure a luz!”


Voltando à novela, a Nazira é espalhafatosa, exagerada, e você, também?
Sou mais tranquila, mas tenho um lado perua recalcado que eu coloco na Nazira. Acho que tenho uma entidade junto comigo que é totalmente espalhafatosa e que procuro usar na minha vida profissional. A maioria das minhas personagens abusa da sensualidade, tem essa sexualidade toda. A Estela de Irmãos Coragem era uma louca que vivia em cassinos e saia com todos os homens. A Condessa de Gouvarinho, de Os Maias, também era uma desvairada. Eu não tenho nada a ver com isso, não sou uma pessoa gostosa que tem milhares de homens. Mas existe algum lado meu que está no meu inconsciente, que se solta nas personagens que interpreto.

De onde você acha que vem esse seu lado oculto?
Quando eu era criança e morava em Sorocaba, achava que seria atriz no Rio de Janeiro. Imaginava que seria uma mulher que só andaria com estolas de pele e de plumas, com um séquito atrás de mim! Pensava que fecharia restaurantes. Hoje, fico admirada com a facilidade com que transito no universo da personagem.

Já sentiu falta de realizar esse desejo de infância de ser uma Vera Fischer, que pára tudo onde chega?
Nunca. Levar isso para a minha vida pessoal seria muito puxado. Sou muito preguiçosa para estar sempre em todas as festas, sempre produzida, com um séquito atrás. Deve ser uma canseira! Na vida real, não sou chique nem gasto fortunas com roupas. Gosto de jeans e de camiseta. Também não ligo para jóias e só uso maquiagem por causa das olheiras que sempre tive. É mais por necessidade do que por vaidade.

Mas você é vaidosa, não? Já fez plásticas e malha muito.
Fiz uma plástica na barriga depois que tive minhas filhas e uma correção nos olhos. Mas estou mesmo é num momento saúde. Só me alimento de verde e tomo umas gororobas pela manhã. Faço uma vitamina com duas colheres de semente de linhaça, duas de leite de soja em pó, uma de farelo de arroz, e uma fruta. Parei de fumar e entrei nessa onda natureba. Eu malhava em casa, mas este ano entrei para uma academia. Também caminho na praia e estou fazendo natação.




Já tem planos para quando a novela acabar?
Quero fazer teatro. Mas antes, vou viajar com minhas filhas, em julho. Elas vão estar de férias e vamos juntas para Fernando de Noronha. Quero fazer meu batismo no Mergulho.



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