segunda-feira, 13 de agosto de 2012

O clã Tufão, a grande família de ‘Avenida Brasil’

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Por Mariana Zylberkan 

    Nem só da sanha de Nina (Débora Falabella) e Carminha (Adriana Esteves) se faz o sucesso deAvenida Brasil. Além do embate entre a pretensa heroína e a vilã da novela, a trama de João Emanuel Carneiro vem emplacando junto à audiência uma turma grande, caótica e divertida: o clã do ex-jogador Tufão. Como uma grande família que se preze, os moradores da mansão do Divino são barulhentos e vivem às turras, mas, diante de qualquer dificuldade, põem as implicâncias de lado e deixam o amor falar mais alto. Reafirmam um valor ainda caro ao brasileiro – especialmente à classe C, que representa 53% de seu público – e imprimem dinamismo ao folhetim, com seus conflitos e piadas.

   “A família do Tufão, graças principalmente ao Leleco (Marcos Caruso) e ao Adauto (Juliano Cazarré), funciona como um ‘respiro cômico’ da trama”, diz André Bernardo, autor do livro A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo, citando os dois homens da fogosa Muricy (Eliane Giardini). Respiro que se viu na semana em que se deu a virada na trama. Enquanto Nina passava a chantagear Carminha com fotos que provam o envolvimento amoroso da vilã com Max (Marcello Novaes), como parte de seu plano de vingança contra a ex-madrasta, Tufão e seus atrapalhados parentes atuavam em cenas hilárias na casa de veraneio da família em Cabo Frio. No Rio, as arqui-inimigas se estapeavam e, na praia, a turma do subúrbio fazia churrasco na laje, se perdia numa trilha no meio do mato e via – ao menos parte deles via – o ex-casal Leleco e Muricy passar à condição de amantes, negando fogo aos jovens e ingênuos namorados Tessália (Débora Nascimento) e Adauto.

   Foi quando Avenida Brasil bateu por duas vezes seu recorde na Grande São Paulo, cravando por dois dias seguidos 45 pontos no Ibope e 70% de presença nos televisores ligados. Para coroar a divertida estadia do clã em Cabio Frio, João Emanuel os pôs a bordo de uma combalida Kombi no retorno para o Rio. Ali, em meio aos improvisos incentivados pela diretora Amora Mautner, havia o caos de sempre. O público adorou. Os capítulos inspiraram até a criação de uma página no Facebook, “Queremos a família Tufão de volta a Cabo Frio”. 

   Além de fazer o público rir, o clã do ex-jogador do Flamengo produz empatia pela forma como resolve seus problemas na base do um por todos e todos por um.  “A identificação é direta com a audiência popular. Eles passam uma sinceridade muito grande, porque estão o tempo todo juntos, quase sempre à mesa”, diz Maria Immacolata Lopes, coordenadora do Centro de Estudos em Telenovela da Universidade de São Paulo (USP). 



   Mais. A família Tufão, principalmente por causa do envolvimento de Leleco e Muricy com parceiros mais novos e agora de novo entre si, renova um dos mais antigos recursos dramatúrgicos, o do núcleo familiar. Uma das provas da eficiência dessa fórmula é a longevidade da série semanal A Grande Família. No ar há 12 anos na TV Globo, ela só deve sair de cena porque os atores querem abraçar outros projetos. De audiência, vai bem: 26 pontos nas noites de quinta-feira. É incontestável: o público ama uma confusão familial.

   Tramas dominadas por clãs vigoram na TV brasileira desde o início dos anos 1970. Segundo Mauro Alencar, doutor em Teledramaturgia Brasileira e Latino-Americana pela USP e membro da Academia de Artes e Ciências da Televisão de Nova York, as precursoras do recurso são Os Ossos do Barão (1973) e Pecado Capital (1975). 

O Clã Rachid é relembrado. 

   E, no que depender de Avenida Brasil, as famílias vão continuar dominando a tela. Até a megera Carminha se mantém atada àqueles que chama de gentalha. É porque, no fundo, ela sabe que sem eles a novela não tem graça.

P.S.: todas as frases que achamos interessantes, colocamos em negrito, ok?! Não vieram assim com a matéria. 

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